sábado, 14 de junho de 2008

PÃO DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

Frange esurienti panem... Tunc invocabis, et Dominus exaudiet (Is 58).

Pergunta-se sempre de onde procede essa piedosa prática, tão em voga entre nós, de prometer pão aos pobres, para obter seguramente do céu a realização de um desejo.
A eficácia dessa devoção foi indicada por Deus mesmo: Dá pão a quem tem fome, disse Ele, então orarás e eu ouvirei.
Assim, nossa caridade é garantia certa dos favores de Deus.
O Rei do céu age conosco como os reis da terra em relação a seus súditos; gosta dos que lhe enviam os pedidos por intermédio dos Santos a quem estabeleceu como ecônomos e distribuidores de seus tesouros.
Hoje, como outrora Faraó ao povo esfaimado, Deus parece dizer: Ide a meu intendente Antônio de Pádua, ele vos dará pão.
Não procuremos querer compreender por que foi Santo Antônio, e não outro santo, constituído por Deus para ecônomo de seus bens; seria requerer sondar o coração de Deus e Ele é infinito...
A obra do pão de Santo Antônio não é antiga como alguns imaginam. Tem pouco mais de cinquenta anos de existência: remonta a um incidente ocorrido em Toulon, no dia 12 de março de 1890. Mme. Bouffier, a modesta cristã que iniciou essa obra, escrevia em 1892 ao reverendo padre Maria Antônio: "Desejais saber como a devoção a Santo Antônio de Pádua nasceu em Toulon: desenvolveu-se como todas as obras de Deus sem barulho, sem reclamos e na obscuridade; há quatro anos não tinha conhecimento algum da devoção a Santo Antônio de Pádua, apenas ouvia dizer vagamente que fazia achar as coisas perdidas.
Uma manhã, não consegui abrir minha loja; a fechadura secreta estava quebrada. Mandei procurar um serralheiro, que trouxe um molho de chaves e trabalhou cerca de uma hora; perdendo a paciência, disse-me: Vou procurar ferramentas necessárias para arrombar a porta. Durante sua ausência, inspirada por Deus, pensei: Se prometer um pouco de pão a Santo Antônio, pode ser que ele faça abrir a porta, sem arrombá-la.
Nesse momento, o operário chega trazendo um companheiro; eu lhes disse: Senhores, concedei-me, peço-vos, uma satisfação; acabo de prometer pão a Santo Antônio de Pádua para os pobres; quereis, antes de arrombar a porta, procurar ainda mais uma vez antes de abri-la? Talvez o Santo venha em nosso auxílio. Os homens aceitaram a proposta, e eis que a primeira chave que introduziram na fechadura quebrada abriu-a, sem a menor resistência, parecendo ser a própria chave da porta. Inútil pintar-vos a admiração de todos; foi geral.
Desde esse dia, a fervorosa cristã e suas amigas não cessaram de rezar ao Santo, comunicando-lhe as menores dificuldades, com promessa de pão para os pobres. As graças e milagres que obtiveram fizeram a admiração do mundo inteiro.
Eis como, por uma amável atenção da Providência, nasceu uma obra que cresce dia a dia; acaba de enxertar-se sobre uma devoção já bem antiga, pois, desde muitos séculos, a piedade popular dirige-se a Santo Antônio de Pádua, para reaver os objetos perdidos.
Assim se confirmam entre o céu e a terra as relações íntimas que se chamam comunhão dos santos.
Que obra, o pão dos pobres! Só o Pai do céu podia nos indicar meio tão grandioso de praticar a caridade.
Aí todos ganham, tanto os que dão como os que recebem.
Então, piedoso leitor, se quiserdes obter seguramente uma graça, dirigi-vos a Santo Antônio, e prometei-lhe certa quantidade de pão para os pobres.
Escrevei o pedido em uma folha de papel, introduzi-a aos pés da imagem de Santo Antônio, e depois rezai uma boa e fervorosa prece.
Não temais, não sereis o único a fazer semelhante pedido: são centenas, milhares mesmo que Santo Antôniuo recebe diariamente.
Em um único ano , o mealheiro da piedosa intendente de Santo Antônio, em Toulon, recebeu 22.000 cartas, sendo que grande número atesta a realização do milagre pedido.
Eram pedidos de toda sorte e de diversos lugares.
Aqui, um magistrado, ali um soldado, um rapaz, um padre; todas as classes da sociedade desfilavam sem respeito humano e com inteira confiança.
Seu socorro, que o jovem e o velho experimentam
Faz com que o perdido sem trabalho se apresente.
Está provado hoje que não há na frança uma só igreja onde o culto de Santo Antônio não fosse estabelecido. Altares e estátuas de Santo Antônio erigiram-se em muitas igrejas de maneira verdadeiramente espantosa. Um escultor de Paris afirma que de Janeiro a Maio de 1894, vendeu 40.000 estátuas de Santo Antônio de Pádua. Toulon forneceu as mesmas informações. Em toda parte, na Europa, na África e na América, invoca-se hoje o taumaturgo de Pádua, e em lugares diversos se operam em seu nome as mesmas maravilhas.
E que tempo foi jamais tão fértil em milagres?
Quando Deus por suas mãos mostrou seu poder?
Teremos então olhos para não ver?
Milhares de troncos deram prodigiosa quantidade de pão em toda França. Se, em Toulon, a obra de Santo Antônio pode derramar cento e vinte e oito mil francos, no seio dos pobres, no ano de 1896, em muitos lugares, e muitas vezes em doze meses, um único mealheiro deu mais de 300.000 quilos de pão!...
Verdadeiramente era agora o caso de perguntarmos a nossos filantropos sem Deus, que escarnecem de toda idéia do sobrenatural, quantos milhares de quilogramas de pão já forneceram, aos desgraçados, suas miríficas teorias.
Nós, porém, mais modestos, contentamo-nos com bendizer a Deus, que tudo mandou na sua misericórdia para nos salvar.
Esta magnífica eclosão de caridade, no meio de nossa sociedade, roída pelo prazer e pela cupidez, nos faz entrever o fim das lutas contemporâneas, pela solução da questão operária. O socialismo, invencível pelas armas, será vencido pela caridade. Isso será um novo raio de glória para a fronte de Antônio de Pádua. Quando os bárbaros invadiram a França, foi à pastorinha de Nanterre, à inocente Genoveva, que Deus enviou para expulsá-los. Quando os ingleses invadiram dois terços da pátria, foi ao que havia de mais fraco no mundo, à donzela de Domremy, à humilde Joana d'Arc, que Deus fez sinal para "expulsá-los de toda a França".

E hoje, em face dos inimigos de Deus e da Igreja, diante das ondas crescentes da barbaria civilizada, quando os corações parecem invadidos pela volúpia e o espírito pela mentira, quando tudo grita que somos apenas miséria, não só no corpo, como na alma, quando mais se acentuam as discórdias, eis que o céu, em seus desígnios misericordiosos, faz reviver num momento, a nossos olhos, a lembrança do pacificador dos povos, do semeador de milagres, do Santo para todos popular, que é Antônio de Pádua. Vede-o agora há seis séculos, iluminando a Igreja universal pelo brilho de suas obras sobre a humanidade, e renovando, entre nós, principalmente, os grandes prodígios que lhe ganham multidões e o fazem triunfar das vontades mais rebeldes...
Os milagres de Antônio são tão frequentes e tão contínuos que constituem em conjunto um único milagre e mesmo milagre que dura sempre.
Será assim, creio com toda a energia de minha fé, porque Antônio de Pádua traz em seus braços Jesus, o Salvador das nações. Ipse dabit virtutem et fortitudinem plebi suae.
Deus sabe, quando lhe apraz, fazer brilhar sua glória.
E seu povo está sempre presente em sua memória.
O' Santo Antônio de Pádua, vós de quem a bem-aventurada língua nada perdeu da divina eloquência, fazei ouvir o nosso século egoísta a única linguagem capaz de acalmar o espírito e resolver o grande problema que os atormenta. Que o mundo se recolha, vos ouça e a questão social estará resolvida.

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